domingo, 17 de fevereiro de 2008

História de campanha política

Essa se passou com, o hoje ministro, José Múcio. Foi ele mesmo que me contou.

A Buchada

Estava José Múcio no gabinete da secretaria de Transportes, Energia e Comunicação do Governo do Estado, quando um grupo político de Sirinhaém, à frente um vereador, foi lhe entregar um convite. Falando em nome de todos, o vereador entregou um convite com a programação da Festa de Santo Amaro, que iria acontecer num distrito daquele município. Ao passar o convite às mãos de Zé Múcio, fez a seguinte ressalva:

- Agora tem uma coisa, Dr. Zé Múcio. Nóis tamo veando um carneiro e domingo vamo prepará uma buchada só pro sinhô, nosso futuro gunverno.

Zé Múcio riu com compreensão, pensou um pouco, olhou a programação e teve uma idéia:

- Olha ai amigos, para a missa eu tenho como ir, agora para o almoço não vai dar porque o governador marcou uma reunião ao meio-dia no Palácio e eu não posso faltar.

Os visitantes se entreolharam meio decepcionados, mas o vereador tentou acalmar dizendo:

- Mais o sinhô vai, num é dotô?

Vendo-se aliviado do compromisso de ter que comer buchada (o prato que ele mais detesta na vida), confirmou a presença e no domingo, lá estava Zé Múcio, acompanhado de assessores, de alguns deputados que abraçavam sua candidatura a governador, da mãe, Dona Cristina, da esposa, dos filhos, dos irmãos, também do Dr. Brennand, tia, enfim, a igreja ficou lotada com o clã dos Monteiro.

Zé Múcio, como sempre, falava com todo mundo, distribuia sorrisos, abraçava os trabalhadores da cana e se portava como um autêntico postulante ao Palácio do Campo das Princesas.

A missa foi muito bonita, o padre era aliado e deu um toque de que estava na hora da Zona da Mata Sul ter um governante e terminou pedindo uma salva de palmas para tão ilustre presença. Terminado o ofício, Zé Múcio foi cercado por jovens, donas-de-casa e pessoas conhecidas, quando chegou o tal vereador do convite, acompanhado do mesmo grupo que esteve no gabinete e foi logo dizendo:

- Dotô Zé Múcio, nóis temo uma surpresa pro sinhô!

Zé Múcio, todo sorrisos, pensando que iria receber alguma coisa que aquela gente humilde viera lhe entregar, quis saber qual era a surpresa, ao que o vereador respondeu:

- Ah Dotô, nóis antecipemo a buchada e vai sê agora, que é pra dá tempo pro sinhô cumê!
Sem saída, lá se foi Zé Múcio pra casa do vereador comer a tal buchada. Quando a iguaria foi servida, o anfitrião fez questão de servir o ilustre convidado, abrindo ele próprio a buchada. Um cheiro ativo de mijo de bode penetrou as narinas do pobre Zé Múcio, que não teve outra alternativa a não ser comer aquela coisa mau cheirosa, que tanto detestava. Ao sair dali, passou meia hora vomitando.

Essa história Zé Múcio me contou dias antes de ter sua candidatura a governador homologada. Valendo-me da nossa amizade e querendo fazer uma brincadeira com o Zé, contei a José Adalberto Ribeiro, colunista político do Diario de Pernambuco, que o prato preferido do candidato era Buchada. Ele prontamente publicou.

Por conta disso, o coitado do Zé Múcio teve que agüentar pelo resto da campanha, a ingrata missão de comer buchada em toda cidade que visitava.

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